- Êpa, essa viagem foi muito rápida! - Tô com muito calor! Essa roupa laranja é um inferno. - C viu? Quase morreu. Foi um grande estouro. - Os portões da escolha foi aberto. Saiu um monte de gente de uma vez. Encavalou. - Frita pastel e coxinha Rute. - Vô leva esse pilantra no pau! Zé subiu no andaime. Maria chegou na casa de Andreia para cuidar do Pedrinho. Raimundo acabou desistindo de faltar ao trabalho. Laura faltou e comprou um atestado na praça 7. Ninguém aqui é vítima. Ninguém aqui sou eu.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

outsiders

Mayra

Desvio de luta,
quanta conduta,
a regra se fez,
por quem se desfez,
a sarjeta chegou,
a polícia parou,
a mulher não viu,
o negro se despiu,
a luz se foi embora,
e em uma outra aurora
se desenvolveu.
O limite acordado
por patrões com carro importado,
veio o juiz,
a ponte está por um triz,
e a porta abriu
para quem contraiu
à regra, puta que pariu!
Foi feita por quem?
Foi escrita pra quem?
Descrita por alguém?
O espaço é sem margem
pra quem é feito de imagem,
e o estuprador tem sua lei,
o homossexual não quer ser rei,
o negro é igual ao branco, eu sei,
a mulher que eu beijei.
E a norma que tem forma
de carrasco embriagado,
deixa-me tonta, obrigada,
e eu quero despir a farda,
quero saber quem é dono da espada,
quero saber quem é que fala,
o que a gente cala.
O desvio é desviado,
por um pobre coitado
que nem sabe ler.
E aquele que sabe,
faz charme,
suave se resolve a sós,
como quem desfaz os nós
que a sociedade alinhou.
E ainda chamam de louco
todo e qualquer pouco,
estatisticamente rotulado,
por um postulado
de colarinho branco
e alma nada franca.
Se a loucura acaba com a lucidez,
louca quero ser,
para compreender,
que não é justo
seguir conceitos,
pautados em pré-conceitos,
orgulho e falta de fé.
Caminho com um pé
que é pra deixar o outro cru
e nu,
sem sapato,
porque a tão formosa lei,
desvia a si própria,
com um capital que gira
para o pouco
que acha muito
ser normal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário