Charles
Aldous Huxley escreveu o livro “Admirável Mundo Novo”, em 1932, onde o autor descreve uma sociedade em que a reprodução humana é artificial e os seres humanos são pré-condicionados biologicamente e condicionados psicologicamente, com o objetivo de viverem em uma sociedade harmoniosa. Outro ponto que se destaca nessa sociedade é que a função a se desempenhar em cada grupo social é estabelecida durante a produção biológica e o condicionamento psicológico, a fim de que também o mercado de trabalho seja ocupado por cada grupo produzido previamente.
Aldous Huxley escreveu o livro “Admirável Mundo Novo”, em 1932, onde o autor descreve uma sociedade em que a reprodução humana é artificial e os seres humanos são pré-condicionados biologicamente e condicionados psicologicamente, com o objetivo de viverem em uma sociedade harmoniosa. Outro ponto que se destaca nessa sociedade é que a função a se desempenhar em cada grupo social é estabelecida durante a produção biológica e o condicionamento psicológico, a fim de que também o mercado de trabalho seja ocupado por cada grupo produzido previamente.
A
obra de Huxley em vários pontos é extremamente atual, se a compararmos a
sociedade brasileira. Ao tecer algumas palavras sobre a estrutura social
brasileira, gostaria de fazer um paralelo com o livro de Huxley, pois existem
algumas instituições em nosso país que realizam, querendo ou não, a função de
preparar e condicionar as camadas sociais para atuarem de acordo com a demanda
social vigente. Leia-se, uma verdadeira “seleção social”, preparando, ou
despreparando, determinadas camadas sociais para desempenharem funções
específicas. Vou me ater a instituição escolar brasileira, especificamente ao
ensino público, uma vez que o papel desta tradicional instituição é a de formar
cidadãos autônomos e idôneos para vida em sociedade.
Como
professor da rede pública de ensino, sempre me pergunto, que tipo de cidadão
estou formando, pessoas autônomas ou analfabetos funcionais? Minha frustração
vem à tona quando percebo que a segunda opção é a mais recorrente para a grande
maioria dos meus alunos, posto que o corpo discente da escola pública brasileira
é negligenciado pelo poder público em todas as suas esferas. Mas pasmem, o
investimento geral em educação no Brasil se equiparou a países ricos como
França e EUA a partir de 2010 e chegou à segunda colocação entre os países da
América Latina, atrás apenas da Argentina, segundo a estudo realizado pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas o estudo
relata também que a maioria dos investimentos são destinados a educação
superior, em relação ao ensino fundamental e médio. Não é necessário ser gênio
para saber quem frequenta o ensino superior no Brasil, tão quanto o ensino
público, fundamental e médio. Nem vou entrar no mérito da corrupção e
utilização indevida desses recursos, a exemplo do Governo de Minas que desviou
oito bilhões de reais da educação mineira nos últimos anos.
Atualmente
o modelo de escola pública padrão em nosso país, claramente forma mão de obra
para trabalhar em funções sem complexidade ou que não exigem autonomia
cognitiva elevada. Mas o que se esperar de uma instituição composta por muros,
grades, cadeados, sirenes, uniformes... Lembrando uma fábrica! Ou de uma instituição
que possui um currículo limitado e que limita. O currículo da escola púbica no
Brasil possui dois pilares interessantes: formar cidadão e “prepara-los para o
mercado de trabalho”. Preparar para o mercado de trabalho é consequência de uma
educação de qualidade, onde o ser humano tem valor e é respeitado. No Brasil
existem outros grupos que visam preparar para o mercado de trabalho, a exemplo
do tráfico de drogas. Tirando os benefícios da CLT, cumprem a mesma função. A
escola não deve ter só esse objetivo, deve ser mais complexa e maximizar o
potencial humano para que possamos ter, verdadeiramente, uma sociedade composta
por pessoas autônomas e não condicionadas e limitadas.
Gostei do texto, Charles. É o que se espera de uma sociedade para a qual o saber se tornou mercadoria e o valor de troca do conhecimento está incorporado à produção capitalista. Assim como e fácil ler "Admirável Mundo Novo" e identificar nossa sociedade, é fácil, também, ler "O Capital" de Marx e identificar o funcionamento da educação atual.
ResponderExcluirNosso modelo de escola não forma nem mão de obra mais, meu velho... COm o mercado de trabalho encalacrado em todos os setores, não é nem interessante que os alunos sejam preparados pra ser mão-obra.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom texto Charles… Acho que dialoga em certa medida com István Mészáros, aconselho que leia o livro: A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL… o qual sugere uma boa discussão quanto a escola como meio de formação de trabalhadores para o contínuo giro do capital. Abss
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