Felipe Lena
Que vida estamos levando?
Quais tipos de relações estamos construindo? Num mundo com as redes sociais
cada vez mais presentes na nossa vida cotidiana, o ser humano continua a
expressar sua podridão de maneira contundente. Fico me perguntando, tentando
observar como as pessoas se portam no ambiente público e no ambiente privado.
Na rede social (ambiente público) a pessoa fala para centenas de pessoas
(amigos, família, conhecidos, colegas de trabalho, etc.). Nesse aspecto, a rede
social funciona como um palco e um microfone diante de uma plateia amorfa e
heterogênea. Um traço que me salta aos olhos diante do comportamento das
pessoas nas redes sociais é que de alguma maneira elas não veem nenhum problema
em desabafarem, fazerem confissões, esbravejarem suas verdades, falarem dos
seus sentimentos mais íntimos para sua plateia pessoal. Na verdade, parece que
existe uma necessidade crônica das pessoas afirmarem quem elas são e o quanto o
estilo de vida delas é superior, dentre outras coisas do tipo. Não sei se isso
vem de um narcisismo crônico da nossa geração ou se é simplesmente a podridão
humana sendo explicitada. O curioso é que não encontro esses mesmos
comportamentos no ambiente privado. Quando encontramos as pessoas na vida real,
elas parecem não se expressarem da mesma maneira que no ambiente virtual.
Existe um descompasso aí. Ao mesmo tempo as redes sociais me fazem
sentir o tempo pesar... Entra ano e sai ano e as pessoas, de forma quase
hipnótica, festejam e celebram as mesmas datas comemorativas que o calendário
virtual avisa. Me lembra Sísifo empurrando a rocha morro acima e depois
rolando-a morro abaixo. Qual o propósito disso tudo? Lembro-me de quando era
mais novo, quando via pessoas sentadas na porta de casa, jogando conversa fora,
descansando ao ar livre depois de um dia cansativo de trabalho. Via crianças na
rua jogando bola, soltando papagaio, brincando de polícia e ladrão. Hoje em dia
só vejo carros nas ruas. E as pessoas parecem zumbis com o celular o tempo
inteiro na mão. Fico me perguntando: quais serão os reflexos desses
comportamentos virtuais e reais nas próximas gerações. Qual futuro nos aguarda?
Sou pessimista nesse aspecto. Não vejo o mundo melhorando. Acho que o mundo
como está precisa entrar em colapso. Reformas não mudam muita coisa, rupturas
sim. Porém, infelizmente, acho que estamos completamente imersos neste modo de
vida, e não vejo como rupturas acontecerem no meu tempo de vida. É engraçado
pois o nosso tempo de vida é muito curto, e mesmo assim não saímos do nosso
caminho para transformar as coisas, estamos conformados. Continuamos vivendo
nossas vidas patéticas, vivendo a ilusão de que estamos mudando as coisas.
Talvez, no fim das contas, o ser humano só precise de ilusões.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu caro, vou ser bem sincero, seu texto me deixou desanimado, ainda mais. Logicamente não foi pelo conteúdo, diga-se de passagem de extrema qualidade, mas por traduzir o muito do que penso e presencio na prática. Essa Copa do mundo tem sido um grande soco no meu estômago.
ResponderExcluirO individualismo crescente é inacreditável, as redes sociais potencializaram a “ilha” que costumamos denominar indivíduo, e como nossa juventude é cooptada e por processo. Parece que a humanidade transita para uma realidade ficcional. O celular é hipnótico.
O que me apavora e me deixa indignado é o sistema criado para controlar essas socialização virtual, por exemplo as propagandas em sua página, elas mudam de acordo com o que você acessa em outras páginas. “Eles” sabem o que você acessa e usam isso, (governos, redes de empresas, aparato militar, etc.). A sociedade virtual é controlada e vigiada.
Em suma, e o reflexo de tudo isso na prática, realmente é de dar medo!
Realmente, a realidade atual não dá qq esperança para dias melhores :-(
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