- Êpa, essa viagem foi muito rápida! - Tô com muito calor! Essa roupa laranja é um inferno. - C viu? Quase morreu. Foi um grande estouro. - Os portões da escolha foi aberto. Saiu um monte de gente de uma vez. Encavalou. - Frita pastel e coxinha Rute. - Vô leva esse pilantra no pau! Zé subiu no andaime. Maria chegou na casa de Andreia para cuidar do Pedrinho. Raimundo acabou desistindo de faltar ao trabalho. Laura faltou e comprou um atestado na praça 7. Ninguém aqui é vítima. Ninguém aqui sou eu.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sobre bananas e macaquices

Jotapê

Olha, faz algum tempo que venho observando o comportamento de certas pessoas, gosto muito de assistir a bela “comédia da vida privada”, ver o ser humano no seu íntimo, observar como ele é dotado de razão, liberdade para ser o que bem entender e fazer o que quiser. Porém, com o tempo descobrimos que necessitamos um do outro se quisermos sobreviver, a começar pelos seus pais que dedicaram tempo e afeto a você sem esperar nada em troca, com algumas “raras” exceções, para depois começar a perceber que cada um tem o seu papel e sua função em uma sociedade. Descobrimos que infelizmente, ou felizmente se você preferir, nós não somos eternos, um belo dia teremos de acertar as nossas contas com a morte, e só então percebemos o quanto somos limitados, e, na tentativa de superar esta nossa deficiência, buscamos nos organizar através de um sistema de signos, facilitando assim a comunicação, fazendo com que o nosso conhecimento não se perca no tempo e possa ser acessado por outros que compreendam estes dados, o repliquem e deem continuidade. Portanto, o ideal seria que as pessoas aprendessem com os erros passados e quisessem levar uma vida interessante para que a sua trajetória no planeta não seja simplesmente mera passagem, mas sim servir de exemplo para que as próximas gerações possam dar continuidade nas suas ações e a todo este conhecimento vivo que não é ensinado nas escolas.

É certo que nem tudo são flores, este livre arbítrio do qual fomos contemplados faz com que alguns tomem posicionamentos diferentes do que é convencionado pelo “senso comum”. Esse tal “bom senso”, como é popularmente conhecido, é algo muito pessoal e gera diferentes sentenças de acordo com cada cabeça. Afinal, se cada pessoa possui um gosto diferente, pensa diferente, são diferentes entre si com cores diferentes, traços diferentes, pertencem a classes diferentes, de orientações sexuais diferentes, vivências em diferentes lugares e estruturas familiares diversas, para mim é óbvio que isso daria em uma enorme confusão na busca da verdade absoluta. Enquanto os deuses se divertem com toda essa “humanidade”, somos tolos querendo nos entender, presos dentro de si mesmo, que na tentativa de encontrar o próprio Eu nos frustramos com a figura do próximo que nem sempre é, ou, faz parte daquilo que acreditamos ser o ideal. A sua defesa é honesta, é sincera, mas ela é só a sua certeza, a minha eu é que sei e ela pode ser bem diferente da sua!

O que fazer para resolver?

Como seres políticos que somos, ditamos regras, inventamos leis, e vendemos o nosso direito de existir plenamente em função dos nossos acordos de convivência. Assumimos papéis e posturas por status, afirmamos estereótipos, nos enquadramos em gráficos que registram uma sociedade doente, com um genocídio ascendente, nos fazendo vítimas do consumismo exagerado, da propaganda enganosa que incentiva o egoísmo criando “paraísos artificiais”, mostrando um mundo que nem sempre condiz com a nossa realidade, nem sempre representa nossos verdadeiros sentimentos, nossa verdadeira face, nos expomos sem a mínima preocupação e acabamos sempre taxados de forma negativa.

Eu prefiro acreditar no RESPEITO e na HUMILDADE. Pois, onde existe respeito não há espaço para injustiças e intolerância. “Respeito é pra quem tem...” já dizia o grande mestre Sabotagem, palavras sábias de alguém que viveu do outro lado e sabia muito bem como funcionava o sistema, como ele é cruel, um homem que sabia que se eu te trato com respeito e você me trata com respeito não haverá motivos para atritos, cada um na sua individualidade respeitando os limites do próximo. Agora, humildade não é abaixar a cabeça, não é pobreza e nada tem a ver com a timidez. Humildade é reconhecer que estamos sujeitos ao erro, é dar valor ao que é realmente de valor, tais como a família, amigos e trabalho. Estar aberto para novos conhecimentos, novas oportunidades, outras culturas e aprender com as diferenças. É reconhecer que o seu Eu faz parte de algo muito maior do que você imagina, de que somos um só, e a guerra não pode ser entre nós, mas sim contra o Mal que se espalha na sociedade, que insiste em nos rotular, nos classificar, segregar, nos fazendo acreditar que nossas diferenças são intoleráveis, que precisamos nos enquadrar em um sistema que só visa o lucro, padroniza a beleza, nos separa em classes e incentiva o consumo desenfreado de equipamentos que são rapidamente descartados, roubados e substituídos sem a menor necessidade porque a constante evolução tecnológica nos força a obter sempre o mais atualizado, pois o que temos entra em defasagem com uma velocidade cada vez maior.

Imagine se ao invés de julgarmos o outro com o que não nos agrada, o avaliássemos pelo que ele tem de melhor, não seria bem melhor? O caráter então, o que acha?

Pense em quantos exemplos de superação você conheceu ao longo da sua vida? Quanto você subestimou? Não é sua culpa, somos todos assim, julgamos através do nosso ponto de vista, é justo? Nem sempre, mas somos racionais e temos direito de escolha, porém você não sabe a minha história, não sabe por onde andei e nem o que tenho passado, é muito fácil avaliar superficialmente ou dizer que não lhe diz respeito, fingir não ver, enquanto você não sofre com as consequências dos seus atos.

Reflita sobre as minhas palavras, se coloque no lugar do outro e verá pontos de vista bem diferentes dos que habitam o seu intelecto. Em meio a toda essa guerra de bananas e macaquices não foi preciso citar a palavra NEGRO para dizer onde quero chegar.


Afinal, isso é preconceito ou é palhaçada?

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